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Jornalismo, freelancing, social media... e as estórias por detrás de tudo isto. Por Patrícia Raimundo

Coworking

Tenho percebido em conversas e mesmo através do feedback que tenho do blog que o coworking é um dos temas que mais interessam aos freelancers, jornalistas ou não.

Lisboa conta já com seis destes espaços que albergam profissionais das mais diversas áreas num mesmo espaço, equipado com tudo aquilo que um trabalhador por conta própria precisa e com a gigantesca vantagem de "simular" o melhor que um "escritório" pode ter: o convívio e a troca de ideias num ambiente simultaneamente profissional e informal. É, sem dúvida, o melhor incentivo ao fim daquilo a que chamo o "freelancing de pijama e pantufas" e um óptimo estímulo à criatividade e à partilha. Na capital os preços variam entre os 95 e os 200 euros por mês e há espaços que apresentam também outras modalidades de aluguer - uma secretária por um dia poderá custar à volta de 10 euros ou 39 se for alugada à semana.

Se não fosse o facto de, neste momento, não ter possibilidade nenhuma de juntar mais uma conta à minha lista, já teria experimentado. Até lá, estou a preparar com uma colega uma lista dos melhores spots públicos (cafés, jardins, esplanadas, bibliotecas...) onde um jornalista freelancer se pode sentar a escrever. Agora que os meses quentes se aproximam, há que contrariar a preguiça mais que nunca - e uma esplanada soalheira ou um jardim fresco podem fazer milagres pela nossa inspiração e produtividade.

Para quem quer saber mais sobre coworking:

Entrevistas por e-mail

Alice Vincent, a Maverick dos Wannabe Hacks, diz que muitas vezes prefere fazer entrevistas por e-mail do que fazê-las pessoalmente. Compreendo as razões dela e concordo que, para artigos pequenos, temas muito difíceis ou em situações muito específicas e pontuais, o e-email possa ser um bom método - útil e válido - para entrevistar. Mas... não, não é a mesma coisa.
Tenho feito algumas entrevistas por e-mail (e por telefone, e por skype...), sobretudo quando as distâncias ou a dificuldade das deslocações (minhas ou do entrevistado) assim o ditam, mas até hoje nunca senti isso como uma mais-valia (a não ser na "poupança" de tempo). Nunca. Acho que se tivesse tido oportunidade, tinha entrevistado presencialmente todas as pessoas com quem falei por mail. Não tiro o mérito ao e-mail - se me recusasse a utilizá-lo para entrevistas teria perdido algumas estórias - , mas prefiro continuar a encará-lo apenas como uma ferramenta de recurso. Útil, mas limitada.

Abrir portas, criar oportunidades

Muito inspirador o último artigo de Kristen Fisher no Freelance Switch. Don't just create... create oportunity! aborda um dos aspectos que mais tendem a ficar esquecidos quando se começa a fazer freelancing: o investimento em nós e a divulgação do nosso trabalho.

Abrir portas, deixar janelas entre-abertas, criar oportunidades, cultivar contactos e boas relações profissionais, beber e partilhar inspirações, fazer um bom self-marketing são pequenos pormenores que podem fazer muito pelo sucesso de um freelancer. De que serve sermos os melhores no que fazemos, se ninguém sabe disso?
"Our creative businesses are also about what we create for ourselves. Meaning, you can put all of your energy into producing whatever it is that you’re good at – websites, print collateral, etc. But what opportunities do you create for yourself? Are you working on a book detailing your expertise? Are you getting the word out about your professional aptitude? Are you generating new clients?"

Estudantes de jornalismo, por que esperam?

As férias de verão estão quase aí, por isso esta é a altura ideal para colocar a pertinente questão: por que não começar a fazer freelancing enquanto estudante?

Foi assim que comecei. Muito por culpa do António Granado, meu professor na Faculdade que incentivou - e continua a incentivar ainda - todos os alunos a tentarem publicar os trabalhos da cadeira num qualquer órgão de comunicação social. Se não fosse ele e este empurrãozinho que fazia questão de dar, provavelmente nunca teria pensado no freelancing como uma hipótese válida. Uma das reportagens consegui publicar, a outra não. Mas a partir daí as portas abriram-se: as profissionais e as da minha jovem cabeça de aspirante a jornalista.

Por isso, estudantes de jornalismo que lêem estas Estórias, isto é para vocês. Mesmo que não tenham tido a sorte e o prazer de um Granado ter cruzado a vossa vida de estudante, não há desculpa: não esperem pelo fim da licenciatura para começarem a escrever. Aproveitem o tempo livre que as férias de verão proporcionam e invistam no freelancing (se não quiserem tentar um estágio), invistam em vocês, na vossa futura carreira. Uns dias a menos de praia não farão mossa no vosso bronzeado e a experiência compensa.

E não sou a única a dizer isto. Tom Clarke, o Chancer dos Wannabe Hacks, assinou recentemente o artigo How to get work experience | part one: use your summer holidays e no Freelance Switch, Thursday Brahm escreveu Freelancing as a student. Tudo boas dicas que estão ao alcance de qualquer estudante de jornalismo.

Em 4 meses...

... Susannah Breslin passou de desempregada a trabalhadora por conta própria. E ganha quase tanto como quando trabalhava a full-time. Como é que  isto se consegue? Para Breslin, assim.

Aceitar ou não pequenos trabalhos

O freelancer que nunca esteve nesta indecisão que levante o braço!
"Tempo é dinheiro" e nunca a expressão fez tanto sentido como aplicada ao freelancing. Trabalhar  por conta própria exige ponderar se aceitar determinado trabalho compensa ou não: se o pagamento proposto é baixo e tomar demasiado tempo ou acarretar despesas incomportáveis, talvez esteja na hora de recusar, por mais difícil que seja.

Mas nem só de equações que envolvem tempo e dinheiro se deve fazer a decisão de aceitar ou não um trabalho (pequeno ou grande). A satisfação pessoal deve ser também um factor a ter em conta: o pagamento pode nem ser o melhor, mas se nos apetecer mesmo fazer o trabalho, por que não aceitar?

Aceitar ou não pequenos trabalhos é uma decisão pessoal e intransmissível, mas vale mesmo a pena espreitar o último artigo de Debbie Swanson no Freelance Switch: Should you stick with the little guys?

Regressar ao freelancing

Joel Falconer assina um interessante artigo no Freelance Switch direccionado sobretudo para aqueles que, depois de terem feito uma pausa, estão de volta ao freelancing.

How to return to freelancing without panicking apresenta uma série de dicas úteis para ultrapassar o pânico inicial que regressar ao trabalho por conta própria pode representar.
No entanto, parece-me que o regresso ao freelancing não tem de ser necessariamente um momento de choque, ansiedade e medo. Pela curta experiência que tive - se bem que não foi uma verdadeira pausa, mas sim um abrandamento, se quisermos -, sinto que quem experimenta o freelancing com sucesso já dificilmente quer outra coisa. É claro que o dinheiro certo para pagar as contas ao fim do mês alicia muita gente, mas, felizmente, isso não é tudo. E trabalhar por conta própria tem tão bons atractivos quanto este e, quando corre bem, pode ser mesmo muito gratificante.

A saúde dos freelancers

"Choosing to be a freelancer is great, but only if  your body is going to survive the deadlines. Having opportunities is fantastic, if only you're well enough to take them up".
Quem o diz é Alexander Dawson, no Freelance Switch, e eu assino por baixo. Oh, se assino! Já lá vão quase seis meses de aventura e estou a sentir o peso de cada um deles na pele. A minha boa forma tem-se ressentido com o triplicar do trabalho e com tudo o que vem com ele. Mas acredito que, com o tempo, também vou conseguir afinar esta parte importante da minha vida como freelancer e incluir certas rotinas (apesar da falta de tempo!) no meu dia-a-dia.
Dawson deixa algumas dicas aqui: A guide to better freelance health.

O que se procura num jornalista

Meranda Watling, do 10.000 Words, fez uma ronda pelos mais recentes anúncios de emprego em jornalismo e chegou a uma interessante lista das características mais apreciadas num candidato. Disponibilidade para trabalhar em horários estranhos, muita mobilidade, domínio de ferramentas de vídeo e imagem, experiência de pelo menos um ano e formação superior são apenas algumas. A lista completa está em What hiring editors look for in reporters today e é de leitura obrigatória. Aliás, é para ler, aplicar e, aos poucos, riscar.

Confiança e razoabilidade

São os ingredientes secretos que podem fazer a diferença entre freelancers e ditar o sucesso de cada um. A receita é de Patrick McNeil e está muito bem explicada no Freelance Switch em Discover your sweet spot for winning freelance work.

Procurar emprego em jornalismo

Ben Whitelaw, o Student dos Wannabe Hacks, acha que o caminho é ser selectivo e enviar currículos e propostas apenas para as empresas com as quais nos identificamos. Já Alice Vincent, a Maverick, acha que a melhor maneira de se conseguir um emprego em jornalismo é atirar o barro à parede e tentar tudo. Um debate com pontos de vista interessantes de ambos os lados para ler no Wannabe Hacks: Journalism job applications: Specific or scattergun approach?

Como perder um trabalho

Nunca pensei que verificar os factos poderia alguma vez levar um jornalista a perder um trabalho... até conhecer a história do freelancer francês Jean-Sébastien Lefebvre.
Chargé d'enquêter sur l'interdiction des plantes médicinales par l'UE, Jean-Sébastien Lefebvre s'est vu refusé son article. Son erreur fatale ? Avoir vérifié ses infos... et réalisé qu'elles étaient infondées.
Para quem acha o episódio inacreditável, a experiência na primeira pessoa é de leitura obrigatória: Vérifier ses infos, une faute professionelle pour certains rédacteurs en chef.

Histórias de sobrevivência

Como muitas outras decisões importantes na vida, começar uma carreira como freelancer é uma decisão solitária. Não que não possa ser partilhada - pode e deve sê-lo! - mas porque exige uma reflexão muito pessoal, um certo empowerment também, e a consciência de que passamos a estar por nossa conta, com tudo o que de bom e mau isso implica. Mais ninguém a pode tomar por nós, assumimos um risco, dobramos a responsabilidade e o esforço.

É por isso que, volta e meia, é bom saber que não estamos sozinhos nisto, que há mais gente por aí a lançar-se na aventura - gente que também perdeu o emprego, que também viu no freelance uma opção de vida, que também sentiu dificuldades ao início, que também se questiona, gente que - vejam só! - também sentiu as dores de uma cólica renal assim que se viu sem trabalho. E a blogosfera é, sem dúvida alguma, um agregador privilegiado de experiências como estas, uma comunidade capaz de juntar pessoas com interesses semelhantes.

Se há coisa que tenho aprendido nestes meses de Estórias em Jornalês é a importância dessa partilha.

É por isso que a estória em jornalês de hoje é mais uma história de sobrevivência. Depois de Alice Vincent, é a vez de Susannah Breslin mostrar como se faz: How to survive being downsized.


(É interessante como a primeira dica - e Breslin não é a única a apontá-la - é aquela que deixa sempre mais céptico quem está agora a começar...)