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Jornalismo, freelancing, social media... e as estórias por detrás de tudo isto. Por Patrícia Raimundo

Bolsa de investigação em Ciências da Comunicação

Está aberto o concurso para uma bolsa de investigação em Ciência da Comunicação, no âmbito do projecto REACTION – Retrieval, Extraction, and Aggregation Computing Technology for Integrating and Organizing News, Programa UT Austin-Portugal com apoio financeiro da FCT/MCTES (PIDDAC).

Mais informações aqui.

Reputação Online

Quando estive, na semana passada, na Universidade Lusófona, uma das questões que se levantou foi a da reputação online. Hoje é obrigatório que um recém-licenciado à procura de emprego esteja presente na web, que promova os contactos online e que esteja disponível para ser contactado, para se dar a conhecer. Mas qual é a melhor postura online a ter, sobretudo nas redes sociais?

Bom senso acima de tudo, é o que me parece. Na minha opinião, é possível ter-se um perfil profissional nas redes sociais sem que este se torne demasiado impessoal. Pode-se optar por ter perfis diferentes para o trabalho e para a vida pessoal, mas para quem prefere não se dividir em múltiplas páginas e registos, há sempre as opções de privacidade que podem evitar situações desagradáveis.

Se as redes sociais são a face mais visível da nossa presença online, ela não se esgota aí. Já pensaram que estará na altura de mudar aquele endereço de e-mail embaraçoso e optar por um mais profissional, com uma assinatura a condizer?

Melanie Brooks dá algumas pistas úteis como esta em Your social media persona.

O que nós queremos de uma carreira

Nos últimos tempos tenho lido bastante sobre os millennials - a geração que tem hoje, como eu, vinte e tal anos. Parece que alguns paradigmas que dantes estavam associados aos jovens adultos estão a mudar, por razões económicas e não só: cada vez se sai mais tarde de casa dos pais, compram-se menos casas e menos carros, mas compram-se mais gadgets e viaja-se mais. Há menos casamentos. E por aí fora.

Os hábitos de consumo são, talvez, a face mais visível desta mudança, mas, para mim, há uma grande mudança que, apesar de não tão vincada, cada vez se faz sentir mais: a atitude perante o emprego e a carreira profissional.

Hoje, parece-me a mim, os jovens adultos já pouco acreditam em empregos estáveis e para toda a vida. E já são muitos aqueles que renunciam a um emprego fixo para se poderem dedicar a várias actividades. E que dizer das novas oportunidades de emprego, da possibilidade cada vez mais viável de trabalhar a partir de casa - ou de qualquer ponto do planeta -, de fazer freelancing, de abrir o seu próprio negócio? E aqueles que não têm medo de alterar radicalmente o seu percurso profissional a meio do caminho? Pode dizer-se que muitas destas alterações se devem à malfadada crise - em Portugal, os millennials são também os quinhenteuristas, a Geração à Rasca, os eternos Recibos Verdes... - mas também podem representar uma nova forma de viver o trabalho mais preocupada com a felicidade e a realização pessoal do que propriamente com o dinheiro.

Pelo menos foi esta a conclusão a que a sempre atenta Susannah Breslin chegou depois de lançar um desafio aos seus seguidores twentysomethings no Twitter: o que os jovens adultos de hoje procuram num emprego tem mais a ver com felicidade, realização pessoal, flexibilidade, criatividade, paixão, reconhecimento, liberdade e um equilíbrio entre a vida pessoal e profissional do que, propriamente, com estabilidade, ganhar muito dinheiro ou ter um determinado status.

Colocar rótulos nas gerações vale o que vale - há sempre quem se identifique e quem não. Eu, pessoalmente, revi-me em muitos dos aspectos que Breslin aponta em How to make twentysomethings happy. Vale mesmo a pena ler.

Partilhar estórias em jornalês

Esta manhã estive, a convite da Marisa Torres da Silva, a partilhar as minhas estórias em jornalês com os alunos de Seminário de Jornalismo (Curso de Comunicação e Jornalismo) da Universidade Lusófona. Foi um enorme prazer conversar com eles, partilhar um pouco o que foi e é a minha carreia profissional, contar a história deste blog, dar algumas dicas para quem, como eles, estão a terminar a licenciatura, e ouvir as suas dúvidas e certezas.
Fez-me pensar que estes encontros entre pessoas diferentes com percursos diferentes deviam ser mais frequentes. Teríamos todos tanto a aprender...!

Se algum dos alunos desta manhã me estiver a ler, partilhem aqui os vossos blogs, deixem as vossas sugestões,  ponham mais questões... Estejam à vontade!

Obrigada pela partilha e boa sorte para esta nova etapa!

Check list para freelancers

Edna R. Aluoch chama-lhes dicas, eu prefiro chamar-lhes as 5 condições essenciais do freelancing. Uma espécie de checklist para riscar ponto a ponto quando alguém se decide a começar uma carreira por conta própria.

Enhance your freelance writing career with this 5 tips. E estás pronto para começar.

Golfe em Portugal: 120 Anos de História na blogosfera

Há sensivelmente um ano, por esta altura, eu e a Mafalda Lopes da Costa estávamos a escrever Golfe em Portugal: 120 Anos de História, o álbum ilustrado publicado pela Tinta da China.

Não haveria nada melhor para relembrar a efeméride que sermos surpreendidas, no início deste mês, por um simpático post no blog O Meu Golfe:
"A minha sogra ofereceu-me, com uns dias de atraso, a melhor prenda de aniversário: um exemplar do Golfe em Portugal - 120 anos de história.
Este livro escrito por Patrícia Raimundo sob coordenação da Mafalda Lopes da Costa (filha de amigos da família da minha mulher) é uma verdadeira joia quanto mais não seja pelas preciosidades que reúne e encerra. [...] Este é um volume de conteúdo muito belo que deverá constar de qualquer livraria de golfista Português que se preze."
Obrigada, Rui Afonso!

Não ter de fazer propostas

Demorou 13 anos, mas agora Linda Formichelli já não precisa de fazer propostas para ter uma agenda cheia de trabalhos freelance. Uma grande conquista que se pode ler aqui: Why I haven't written a query since 2010 - and 5 ways you can stop querying but still make a living as a freelance writer.

Escrever para a Web

Um guia a não perder - com os erros mais comuns e as melhores dicas para os contornar - para quem escreve para a web, por Paul Bradshaw: 8 common mistakes when writing for the web - and what to do about them.

Obrigatório.

CV: mais empreendedorismo, menos papel

A primeira pergunta que a maioria de nós faz quando está à procura de emprego, de uma "oportunidade", é esta: como é que eu vou enriquecer o meu CV? Preciso de mais formação, preciso de um estágio, preciso de mais experiência... para colocar no CV e conseguir um trabalho a sério.

À primeira vista, esta linha de pensamento não parece má de todo: ter um bom CV (algo que possa reunir alguma informação importante sobre ti), fazer formação, ganhar experiência, não são más ideias - podem realmente valorizar um profissional. O problema é que isto pode ser o início de um ciclo vicioso: para arranjar trabalho tenho de ter um bom CV; mas para enriquecer um CV tenho de ter um trabalho, mais experiência.

E este ciclo vicioso pode ser muito frustrante: faz-se formação em série em tudo e mais alguma coisa, reza-se por uma oportunidade, aceitam-se estágios não remunerados, porque "no estado em que o mercado está, só assim consigo ganhar experiência para pôr no CV".

Mas este não tem de ser o caminho. Não tem mesmo. Eu sempre fui da opinião que, se as oportunidades não aparecem, há que criar a oportunidade. Se não há ninguém que te possa oferecer um cargo que te faça ganhar experiência, cria o teu cargo, torna-te freelancer (mesmo que esta não seja a solução milagrosa para resolver os nossos problemas financeiros mais imediatos), faz-te ao empreendedorismo. Se há profissões que nos permitem trabalhar por conta própria sem investimentos avultados, porque não fazê-lo?

Adam Westbrook diz mesmo que esta é mesmo a melhor alternativa ao gasto CV. E eu não podia estar mais de acordo.
"So stop spending your time filling out your CV and asking for recommendations on your LinkedIn profile. For God’s sake get out there and do something. Create. Make a film. Start a business. Write a book. Launch a website. You don’t need anyone’s permission."
The alternative to your journalism CV é de leitura obrigatória. Para quem anda por aí "à procura de oportunidades". Em jornalismo, mas em tantas outras áreas...

Manter o contacto

Mudar de site, ganhar um prémio ou até mesmo ir de férias podem ser excelentes desculpas para manter o contacto com clientes e editores, reforçar as colaborações actuais e reatar as mais antigas.

Quem o diz é Linda Formichelli, em 7 excuses to stay in touch with editors and clients, e eu assino por baixo.

Nos bastidores da estória: Do B.Leza de todas as noites à itinerância

"Nós não desistimos. Não depende só de nós, mas tudo aquilo que pudermos fazer para que o B.leza reabra, faremos", dizia-me Madalena Saudade e Silva, à mesa de um café em Campo de Ourique. Estávamos no final de Janeiro de 2009 e eu era jornalista do Guia da Noite.

Naquela manhã conheci a mulher por detrás do saudoso B.Leza. A discoteca africana tinha fechado em 2007, deixando órfãos muitos noctívagos lisboetas, apaixonados pelos ritmos quentes e pelo fervilhante caldeirão de culturas instalado no velho palácio do Largo Conde Barão. Questões relacionadas com o aluguer do espaço estiveram na origem do desfecho; vieram logo os abaixo-assinados, apareciam esperanças de reabertura de quando em vez e, nos entretantos, o B.Leza lançava-se na itinerância: não estava a ser fácil encontrar um lugar para poisar de vez quando marcámos a entrevista.

Apanhei o velho eléctrico de volta à redacção impressionada com a paixão, a persistência e o trabalho de Madalena Saudade e Silva e da irmã, que não desistiam do projecto por nada. Afinal, o B.Leza não era apenas uma discoteca africana em Lisboa, era um símbolo de uma cidade mestiça, era um legado de família, um pedaço da vida de muita gente diferente.

Três anos depois de ter escrito esta estória, o B.Leza reabriu mesmo. Foi esta sexta-feira, dia 2, num sítio diferente mas, diz quem sabe, com o mesmo espírito de sempre.

Madalena Saudade e Silva sabia o que dizia: era mesmo só uma questão de tempo.

Sobre a estória:
Do B.leza de todas as noites à itinerância pode ler-se no Guia da Noite Lx Magazine #9 (2009), P. 28.