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Jornalismo, freelancing, social media... e as estórias por detrás de tudo isto. Por Patrícia Raimundo

Ângulo, para que te quero!

Uma estória sem ângulo é como uma sobremesa sem açúcar. À primeira vista parece igual à receita original, o sabor não é mau de todo, mas... há qualquer coisa errada.

Mais do que o tema em si, é o ângulo a partir do qual se trata o tema que faz a estória. E isso nota-se mal se começa a trabalhar: andar à deriva num assunto raramente produz bons resultados. Assim que se encontra o ângulo, o caminho define-se e a estória flui, fresca e com um interesse renovado.

Vem aí o P3

Esteve quase para fazer parte da edição em papel do Público, mas em boa hora os planos mudaram. O P3, ainda em projecto, é a próxima aposta do diário e pretende ser um site voltado para os mais jovens. Para já não se sabe muito mais, mas esta é uma notícia que vale a pena continuar a acompanhar.

(Re)Estruturar o jornalismo

Com comparações eficazes, bons exemplos e temas interessantes, o blog do jornalista Reginald Chua já está na minha lista de obrigatórios. Chama-se (Re)Structuring Journalism e propõe soluções para o jornalismo na era digital.

Dez anos de Ponto Média

O Ponto Média está há quase 10 anos on-line. Para comemorar, o António Granado promete 10 posts sobre a sua experiência com o blog, a começar já amanhã. A não perder. Mesmo.

Últimos artigos publicados: Guia da Noite Ed. Especial Porto

O terceiro aniversário do projecto Guia da Noite marca também o lançamento de um número especial dedicado ao Porto.
A Invicta está a fervilhar com a reabilitação da Baixa e a abertura de novos espaços culturais e de lazer e eu e o resto da equipa pudemos comprová-lo.

Artigos publicados nesta edição (distribuída gratuitamente em Lisboa e Porto):

Hard Club: O regresso do guerreiro, artigo (p. 8)

Nuno Coelho: Uma discoteca para levar no bolso, entrevista (p. 13)

Porto: Manual de Sobrevivência, reportagem (p. 19)

Manel Cruz: "Não importa o que se diz. Importante é dizer", entrevista (com C. Sá) (p. 32)

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Últimos artigos publicados: Guia da Noite Lisboa #12

Já está na rua a última edição do Guia da Noite Lisboa (Dez. 2010).
Para este número tive o prazer de entrevistar o artista austríaco Herwig Turk (p. 16), que tem feito um trabalho interessantíssimo que cruza a arte e a ciência, juntamente com o cientista Paulo Pereira. Para além das artes, Herwig é também o dono dos modernos cabeleireiros W.I.P. e Motor Hairport e um grande dinamizador cultural da cidade de Lisboa.

O escritor, ilustrador e músico Afonso Cruz (p. 21) foi outros dos meus entrevistados no #12 da revista que comemora agora 3 anos de existência. Num simpático café logo pela manhã, o artista multifacetado contou por que razão trocou a capital pelo sossego de um monte alentejano, falou do seu novo romance, A Boneca de Kokoshka, e ainda desvendou algumas novidades dos Soaked Lamb, a banda de blues que lidera.

Para a secção Dj Shot, entrevistei ainda Hugo Moutinho aka Mr. Mitsuhirato (p. 32). O Dj, que também trabalha numa das melhores lojas de discos da capital, a Louie Louie, é uma referência das noites mais indie da capital e um verdadeiro melómano a full-time.

A não perder ainda os excelentes trabalhos dos meus colegas C. Sá, que entrevistou JP Simões sobre o novíssimo álbum, e Myriam Zaluar, que viajou com Lula Pena pelo seu Troubadour.

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Stuff Journalists Like: As melhores estórias de jornalistas

Se há um retrato fiel do que é ser-se jornalista em qualquer parte do mundo, ele está no Stuff Journalists Like. Com um humor desarmante, Chris Ortiz e David Young exploram todas aquelas características que fazem de um jornalista... um jornalista!

Imperdível.

Com que então queres ser jornalista...

Deve haver poucas profissões que tenham sido tão romantizadas ao longo dos tempos como a de jornalista. A maioria dos aspirantes a jornalistas entram nas escolas de Jornalismo com a melhor das expectativas: trabalhar em televisão, escrever para o diário de referência, ter grandes aventuras, entrevistar pessoas que interessam, cobrir casos bicudos e arriscar a pele para reportá-los. Alguns começam a aperceber-se de que as coisas não são bem como nos filmes e nos livros ainda durante o curso. Mas o verdadeiro choque chega com o fim da licenciatura e esse momento marcante que é a entrada no mercado de trabalho.

Conseguir ser pago pelo trabalho que se faz é o primeiro dos desafios. Em muitos casos os estágios não remunerados prolongam-se absurdamente por meses e anos. Os novos jornalistas constituem mão de obra barata e todo o tipo de carne para canhão para as empresas de media. E mesmo aqueles que conseguem um lugar nas redacções - ou o seu espaço no mercado como freelancers - não têm a vida facilitada: os recibos verdes são quem mais ordena, os ordenados estão muito abaixo da média dos recém-licenciados de outras áreas, a tal ponto que se torna uma verdadeira proeza conseguir viver-se apenas como jornalista.

Para mim, faz parte da vocação para jornalista ter esta espécie de espírito de sacrifício. Sem ele - e sem que se esteja preparado para o que é, de facto ser-se jornalista - , a experiência de entrar no mundo do jornalismo pode ser uma dura desilusão.

O jornalismo continua a ser uma profissão apaixonante, capaz de envolver e entusiasmar quem a pratica? Continua, claro. Mas em vez de pintá-la de cor-de-rosa, todos ficaríamos a ganhar com cores mais realistas, como estas.

Ser jornalista em Dezembro

É o drama do açúcar que falta no stock dos supermercados, as listas de presentes, as reportagens em centros comerciais e até há quem sugira o que fazer com o subsídio que aí vem.

Estou em crer que, logo a seguir ao Verão, Dezembro é a segunda pior altura do ano para quem é jornalista. Se se for freelancer e pouco dado à quadra, a coisa ainda se complica mais. Ninguém atende nas redacções, os e-mails não vêem resposta e as propostas e projectos novos são empurrados para Janeiro, que entretanto mete-se o Natal e nada parece acontecer.

O melhor de tudo é que, como qualquer silly season, Dezembro não dura sempre e daqui a nada começa um ano novinho em folha para explorar.

O que pode ser estória?

Distinguir os temas que podem ou não dar boas estórias nem sempre é fácil, por muito apurado que seja o nosso faro jornalístico. Quando se é freelancer, o peso da escolha é ainda maior: é a temática que propomos tratar que vai vender a nossa estória ao editor.

E se há um conjunto de regras que podem ajudar a detectar uma boa estória, há dias em que tudo e nada parece dar um óptimo artigo. À primeira vista, tudo pode ser alvo de um trabalho jornalístico - todos os dias nos cruzamos com pessoas que praticam actividades interessantes, com projectos inovadores ou situações caricatas. A pior parte vem a seguir: como convencer o editor de que aquela é uma boa estória?

Na hora de escolher os temas, há outras questões que o jornalista freelancer deve ter em conta. Primeiro, as propostas devem adequar-se ao meio em questão (de nada servirá propor um artigo sobre as novas políticas do Governo a uma revista especializada em moda ou em música). Depois, é sempre uma boa estratégia manter uma certa distância dos temas de agenda - para esses, as redacções contam com os jornalistas da casa. Sobretudo, há que ser original. Apresentar um tema fresco, interessante, que tenha sido pouco ou nada tratado, é meio caminho andado para o "sim".

E é aqui que reside o busílis da questão. O que é, exactamente, um tema original? Como saber se determinado tema é já muito batido, se todos os anos as revistas e jornais repetem temáticas sazonais (o Natal, as férias, o início das aulas, o dia da mãe...)? Na verdade, o que é novo para um leitor não o é para o leitor sentado ao lado dele, da mesma forma que novos ângulos para o mesmo tema podem dar excelentes estórias, frescas e diferentes, que acrescentem algo, como se quer.

A liberdade que um freelancer tem para decidir aquilo que quer trabalhar ou não é, assim, uma faca de dois gumes. Sem detectores infalíveis de estórias, resta-nos seguir algumas regras básicas, confiar no nosso "nariz" de jornalista, arriscar e seguir caminho. Se encontrar 10 boas estórias por semana parecer missão impossível, reduza-se o número para três a cinco e já temos um bom começo.

Ciberjornalismo: orgulho & preconceito

Origens e evolução do Ciberjornalismo em Portugal: Os primeiros quinze anos, livro que Helder Bastos, professor na Universidade do Porto, acaba de lançar no II Congresso Internacional de Ciberjornalismo vai aumentar em breve a minha pilha de livros para ler.

Nada me intriga tanto como esta dificuldade que o (bom) ciberjornalismo tem em vingar numa sociedade em que o acesso à Internet já está mais que enraizado e uma boa parte da população já usa sem problemas as novas tecnologias móveis. Continua a dar-se uma importância desmedida ao papel e a relegar-se o digital para último plano, encarando-o mais como um complemento do que como meio de comunicação em si. Helder Bastos diz que o ciberjornalismo ainda não encontrou o modelo certo de negócio para se afirmar e eu não podia estar mais de acordo. A sensação que tenho é que tanto as empresas de media - jornalistas incluídos - como os anunciantes e investidores ainda não acreditam que investir no on-line pode ser um caminho - válido, interessante, auto-suficiente e porque não rentável - para revitalizar o jornalismo.

Sem fórmulas mágicas, parece-me que enquanto não se quebrar este estranho preconceito em relação ao on-line, o ciberjornalismo vai continuar a enfrentar sérias dificuldades para conseguir o seu lugar ao sol.

Porto24

O Porto24 está online desde ontem! Para já parece-me que começou bem e, sobretudo, que faz todo o sentido, tendo em conta o estado fervilhante em que a Invicta tem andado ultimamente.

Tive a oportunidade de passar uns tempos no Porto em reportagem, para a edição especial sobre a cidade que o Guia da Noite lançou agora em Dezembro, e o aparecimento de um projecto como este só vem confirmar a sensação com que saí de lá: o Porto está a mexer e bem.

Apesar de correr o mito que Lisboa já está bem servida de media locais, continuo a achar que também precisava de uma coisa assim. Quem perde o medo da Internet e se chega à frente?

Manual de sobrevivência

Os primeiros tempos enquanto jornalista (exclusivamente) freelancer são duros e eu não sou a primeira nem vou ser seguramente a última a dizê-lo. Há dias que não rendem absolutamente nada e isso pode ser desesperante: o stock de ideias para artigos parece estar esgotado, todos os temas parecem gastos e mais que vistos e, para ajudar, recusam aquelas que nos parecem ser as nossas melhores propostas de sempre. O que fazer quando enveredar pelo freelancing parece ter sido um grande erro?

Primeiro, há que respirar fundo, desdramatizar... e aprender com quem já está nestas andanças há mais tempo.

Poucos dias antes de me ter visto a braços com a decisão de me tornar jornalista freelancer, Adam Westbrook publicou no site OWNI o artigo Freelance journalism: A survival guide. Confesso: estava mesmo a precisar de ler uma coisa assim.

A partir da sua própria experiência, o jornalista (que há um ano também ficou desempregado e decidiu trabalhar por conta própria) dá 10 preciosas dicas para quem se quer aventurar no freelancing sem desistir ao fim de uma semana. Tenho seguido algumas delas: já criei o meu Google Calendar, para não cair na tentação de dormir até à uma da tarde ou de misturar trabalho e lazer e tem resultado muito bem. Faço dois dias de folga por semana e organizo os meus dias conforme o trabalho que vou tendo. Também criei este novo blog que serve tanto de portefolio como de "diário", com posts sobre jornalismo freelance.

Alguns dos conselhos de Westbrook são mais difíceis de cumprir: ainda não consigo aceitar que preocupar-me com dinheiro não me vai trazer nada de novo a não ser umas quantas úlceras nervosas e também não consigo relaxar ao ponto de deixar que o trabalho venha ter comigo. Mas... tudo a seu tempo!

O site Media Helping Media também costuma ter umas dicas interessantes para jornalistas: como encontrar temas interessantes, como conquistar um entrevistado... e muitos outros conselhos para trabalhos específicos.

Ponto Media do António Granado, o melhor blog português sobre jornalismo e jornalistas, é de visita obrigatória. Tem sempre óptimos links para outros artigos sobre media, insights interessantes e a experiência de quem já faz e pensa o jornalismo há uns bons anos.

Sou freelancer. E agora?

Não deve haver por aí um único jornalista a quem o freelancing nunca tenha passado pela cabeça. A ausência de horários, a liberdade na escolha dos temas, a possibilidade de trabalhar para vários meios sem ter de dar satisfações ao chefe são ideias românticas que assaltam até o mais terra-a-terra dos profissionais. Do outro lado da balança, porém, pesam a irregularidade do trabalho - há alturas em que tudo à nossa volta parece um imenso terreno árido, outras vezes somos literalmente inundados de propostas e ideias - e a incerteza em relação ao futuro - ninguém nos garante que vamos conseguir pagar a renda no mês seguinte.

A perspectiva com que cada um olha os pratos acaba sempre por fazer pesar mais um dos lados.
A minha balança sempre pendeu ligeiramente para o lado do freelancing. Foi por aí que comecei, acabadinha de sair da Faculdade, e sempre encarei a ideia como um investimento a longo prazo. O meu lado cauteloso dizia-me para manter o emprego certo a tempo inteiro - just in case... -  enquanto desbravava de novo a selva das colaborações e do trabalho por conta própria, mas uma daquelas ironia da vida acabou por deitar por terra o cenário ideal e lançou-me sem pedir licença e sem aviso prévio na direcção do freelancing puro e duro.

Sem rede para amparar as quedas no caminho, decidi aceitar as circunstâncias e tirar partido delas. Era a minha oportunidade para, de uma vez por todas, levar a sério isto de ser jornalista freelancer. Decidi ver o copo meio cheio, não pensar muito nas dificuldades e pôr mãos à obra.