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Jornalismo, freelancing, social media... e as estórias por detrás de tudo isto. Por Patrícia Raimundo

Emprego Vs Freelancing: uma questão de mentalidade

Muito interessante e certeiro o conceito que Martha Retallick desenvolve num dos seus últimos artigos no Freelance Switch, Dealing with the employment mentality.

Também em Portugal, o freelancing é muitas vezes desconsiderado, quando comparado a uma posição fixa numa empresa, com horários, cargos, funções e rendimentos bem definidos. Quantos de nós, freelancers, já não tivemos dificuldade em explicar o que fazemos, como o fazemos e o quanto isso pode ser bom, contra todas as expectativas? E dentro do nosso círculo de amigos e familiares, quantas vezes não se repetiram as reveladoras palavras: "Deixa lá, vais ver que ainda arranjas um bom trabalho. Isto é só uma fase."?

Não são só as pessoas que rodeiam os freelancers que sofrem ainda desta employment mentality, que não levam a sério esta coisa do freelancing. Tomar a decisão de trabalhar por conta própria nem sempre é fácil e não raras vezes, assim que a oportunidade aparece, muitos trocam o freelance pela estabilidade e segurança que, há que dizê-lo, só um emprego pode dar. Parece que não há nada para lá do 8 ou 80: só se faz freelance quando não há mesmo mais nada para se fazer e não se pensa sequer na possibilidade de conciliar o melhor de dois mundos - manter o trabalho freelance mesmo quando se começa um part-time, por exemplo.

Já me conformei com o facto de não haver mais empregos, muito menos daqueles para a vida. Apostar no freelancing como actividade principal e não secundária é mesmo o meu objectivo. Vou trabalhar a triplicar, vou renunciar à estabilidade e segurança, vou ter de engendrar mil e uma manobras para fazer face às despesas. Mas decidi arriscar e vou fazê-lo até poder e querer. Vamos lá contrariar isto.
"The Employment Mentality treats one’s job – even if it’s as a part-time lecturer at a university as paramount. And freelancing? Well, that’s just a little something that you do on the side."

Dizer adeus...

... a um emprego full-time e dizer "olá!" a uma carreira como freelancer é uma mudança daquelas. Despedimento ou opção de vida, pouco importa o motivo. When it's time to go - Leaving your current workplace, por Speider Schneider, dá uma ajuda a quem está prestes a deixar um emprego ou a pensar seriamente no assunto.

(A algumas semanas de completar seis intensos e reveladores meses de aventura, já começo a sentir vontade de voltar aos balanços...)

Exigir uma resposta

A ausência de resposta - qualquer que seja - às candidaturas para empregos são uma verdadeira praga. A prática está de tal forma instituída, que a maior parte dos candidatos já nem espera resposta às centenas de currículos e cartas de apresentação que envia. Ben Whitelaw, o Student dos Wannabe Hacks, acha que isto tem de mudar e coloca a pertinente questão: How am I meant to improve if I don't get any feedback on my rejected application?


Não podia estar mais de acordo. Se a resposta tarda em chegar, então está na altura de perguntar e, cordialmente, exigir uma resposta. Seja ela qual for.

Motivação, profissionalismo, tomates!

São alguns dos ingredientes que dão ao jornalismo de Susannah Breslin um gosto especial. A receita está em How your journalism sausage gets made, uma série de artigos - 5 até agora - com excelentes dicas  para jornalistas sem medo.

As minhas preferidas:

  • "Show up and shut up" - deixar a estória acontecer, não forçá-la.
  • "Grow a pair" - ousadia, coragem, saber avançar sem medo é condição essencial para se ser jornalista. E não se ensina na Faculdade nem se aprende em frente a um computador.
  • "Take care of yourself" - ser um jornalista cuidadoso não é só assegurar que o gravador tem bateria ou pôr um pacote extra de pilhas no saco...
  • "Put yourself out there" - o jornalista tem de sair da gaveta. Especialmente se for freelancer. 
  • "If you do something, something will happen" - estar parado é a morte do artista.
E no topo da lista:
  • "Listen to everyone, believe no one" - porque integra duas regras básicas do jornalismo: saber ouvir / estar atento e verificar tudo, sempre!
Obrigada ao Jorge Martins Rosa pela preciosa dica!

Propor ao editor

A não perder no Freelance Switch: 7 rules to pitching a glossy magazine, por Melanie Brooks. 
Dicas para propostas bem sucedidas, agora pela mão experiente de quem recebe montanhas delas todos os dias.

Aprender com jovens e menos jovens

Já tinha este artigo guardado há algum tempo para ler com atenção. Wajahat Ali pediu a outros jornalistas - uns jovens, outros menos - alguns conselhos para quem está a começar esta grande aventura que é o jornalismo. O resultado é muito interessante e variado. Gostei sobretudo destas intervenções:

  • os jornalistas devem apostar num nicho e especializar-se nele;
  • o factor humano é muito importante numa estória;
  • ter espírito empreendedor é fundamental;
  • nunca esquecer a importância da estória, do storytelling;
  • sentir a rua é essencial;
E a minha preferida, por Alexander Cockburn...
  • o jornalista não tem de saber tudo sobre todos os assuntos, por isso deve rodear-se de experts e especialistas que o possam apoiar em temas mais específicos ou com os quais não esteja tão familiarizado.

As férias dos freelancers

O mais recente artigo de Patrick Larsson no Freelance Switch vem mesmo a calhar. Estou a preparar as minhas primeiras férias enquanto freelancer. Ainda hesitei, quase que pus as férias entre aspas, o que, por si só é sintomático. Quando trabalhamos por conta própria podemos fazer férias sempre que precisamos, mas a verdade é que poucos freelancers conseguem de facto fazê-lo. O trabalho persegue-nos muito mais do que quando trabalhamos para outros e por vezes é difícil tomar a decisão de desligar por uns dias, ainda para mais quando essa pausa não é remunerada e muito menos subsidiada...

No entanto, todos concordamos, tirar férias é vital para qualquer trabalhador. Freelancer ou não. De nada adianta esticar a corda do cansaço. Ele acaba sempre por vencer, por isso abdicar das pausas é ainda menos produtivo. A pensar nesta dificuldade típica dos freelancers, Larsson apresenta 10 dicas para férias produtivas.

Destaco as minhas preferidas...

  • Adiantar trabalho antes de partir - evita consciências pesadas e permite relaxar.
  • Reservar no máximo meia hora para ver o e-mail e responder ao que é mais importante.
  • Levar um livro relacionado com o trabalho - relaxante e óptimo para ter novas ideias. Na minha mala vai O Que o Cão Viu, de Malcolm Gladwell.
  • Fazer coisas que normalmente não fazemos - Larsson fala em deixar o computador em casa ou desligar o telefone. Não consigo. Ainda. Mas conto fazer outras coisas para as quais não tenho tido tempo. E passar muito menos horas em frente ao monitor. Já é um começo.
... e acrescento uma:

  • Planificar o trabalho pós-férias e pensar em novos projectos durante a viagem. Nada melhor para manter o dinamismo em alta. E sabe tão bem!

Saber negociar

A dica de hoje do Journalism.co.uk é muito pertinente: How to negotiate freelance pay, por Sarah Marshall.
Concordo com tudo, sobretudo com as vantagens em perguntar qual é orçamento disponível para o trabalho pedido em vez de debitar números que podem estar longe das expectativas de uns (clientes) e de outros (freelancers).

Últimos artigos publicados: Guia da Noite Lisboa #13

A última edição do Guia da Noite Lisboa ainda cheira a tinta! A revista acaba de sair da gráfica para as ruas da capital, com mais uma mão cheia de artigos sobre a noite, música e novas tendências para levar no bolso.

Para este número entrevistei o Rui da Silva, que está a comemorar o 10º aniversário de "Touch Me", o hit com que fez história na música de dança nacional. O Dj faz uma retrospectiva de uma carreira ímpar e revela algumas das novidades que está a preparar para 2011.

No início do ano, a febre Cheryl atacou Lisboa, um terramoto de performance, loucura, música e dança com epicentro no Cais do Sodré. Nesta edição do Guia da Noite, fui saber o que está por detrás das loucas festas que estão a agitar Nova Iorque e, aos poucos, a contagiar a Europa.

A não perder também a entrevista que Rui Pregal da Cunha deu ao jornalista C. Sá sobre o possível/impossível regresso dos Heróis do Mar; as histórias de taxistas que a Myriam Zaluar descobriu na noite lisboeta; a entrevista a Javier Muñiz, homem da noite madrilena; e a crónica de José Luís Peixoto sobre a noite em Bangalore.

Clicar na imagem para ler on-line.

Últimos artigos publicados: Lisboa Capital República Popular #3

Está desde sexta-feira nas ruas a terceira edição do Lisboa Capital República Popular, o jornal oficial do festival com o mesmo nome organizado pelo Musicbox.

Este ano, o tema que atravessa as páginas do jornal é a liberdade de expressão, que dá o mote para mais uma reflexão sobre o legado de Abril e a sua relação com a música.

Para este terceiro número, tive o enorme privilégio de entrevistar Alípio de Freitas, padre progressista e um dos maiores defensores dos direitos dos camponeses no Brasil. Preso e torturado durante mais de dez anos, Alípio conta na primeira pessoa as impressionantes histórias de uma vida de luta.

Assino também um outro artigo sobre as revoluções do século XXI e a sua relação com as redes sociais e as novas tecnologias de informação, as guerrilhas virtuais e o chamado activismo on-line.

O jornal - que tem este nome em homenagem ao pregão subversivo utilizado pelos ardinas no tempo da ditadura - conta ainda com as opiniões de Afonso Cruz, Jorge Pereirinha Pires, Pedro Vieira e Mário Caeiro, entrevistas aos músicos que participam no Festival, vox pop, entre outros artigos.

Para folhear on-line, clicar na imagem.

Preocupações de freelancer

Os leitores do Freelance Switch andam preocupados. Com a queda dos preços, com a competição, enfim, com o futuro do freelancing. Thursday Bram desconstrói o medo e relembra que nunca ninguém disse que ia ser canja. Mas também não é nada que não se resolva com a dose certa de investimento e umas quantas sessões de tentativa-e-erro.
"The future of freelancing has a lot of work in it. There are plenty of opportunities for any freelancer willing to dig in and find them. Sure, you do have to sort through bad gigs and promote yourself to the right people — but no one ever said that being a freelancer was a piece of cake. You’ve got to invest your time to get out the money you want to earn.
Don’t let the future scare you. All it represents is a new set of freelancing opportunities you just haven’t gotten to yet."