Ser jornalista é, quase sempre, sinónimo de ganhar pouco e mal. E de trabalhar muito, às vezes em horários impróprios e em condições para lá de precárias. É ter de sacrificar a vida pessoal por uma estória. Ser jornalista freelancer, então, é viver na mais completa incerteza. É tentar convencer os editores, é rezar para que aceitem as propostas, é consultar o saldo da conta para ver se o pagamento por aquele artigo que saiu há meses chegou a tempo de pagar a renda. Mas, por impossível que possa parecer, ser jornalista também tem coisas boas. As pessoas que temos o prazer de conhecer em trabalho e as estórias que contam são alguns dos privilégios da profissão. Outro é sentir que o nosso trabalho fez a diferença, a um leitor que seja.
Em Abril de 2009 fiz, para a Teste Saúde, um artigo sobre a criopreservação das células estaminais. O mais interessante é que este trabalho, que fiz com uma equipa da DECO, continua a ter feedback, quase dois anos depois de ter sido publicado. Volta e meia lá aparece na minha caixa de correio um e-mail de um futuro pai à procura de informação sobre o assunto. Esta semana voltou a acontecer.
Na altura em que estava a preparar o trabalho, inscrevi-me em vários fóruns de grávidas e mamãs, para tentar perceber, por um lado, que tipo de informação os futuros pais tinham sobre a conservação das células do cordão umbilical e, por outro, se pretendiam ou não fazê-lo e porquê. É através desse post que coloquei nos fóruns (em que explicava o meu propósito ali e deixava o meu e-mail para contacto) que me chegam estes pedidos de informação. Querem saber a que conclusões cheguei com este meu trabalho e se chegou a ser publicado, na tentativa de encontrar informação mais objectiva sobre o assunto.
Respondo sempre. Envio o artigo final e ajudo como posso - hoje já há informação nova que obviamente não constava no trabalho de há dois anos. Nem sempre volto a ter feedback, mas desta vez tive. O futuro pai agradeceu, elogiou o artigo, disse que ficou bem mais esclarecido e que até já tinha a decisão quase tomada, por conta do trabalho da Teste Saúde, mas também de pesquisa própria que fez e bem.
São estas coisas que continuam a fazer do jornalismo uma profissão que apaixona. Mesmo com todas as dificuldades, mesmo que nem sempre tudo seja tão cor de rosa. Os jornalistas podem não ter a capacidade de mudar o mundo, como reza a lenda. Mas podem ir mudando pequenos mundos como este.
Ser jornalista tem destas coisas...
Publicada por
Patrícia Raimundo
on segunda-feira, 17 de janeiro de 2011
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