A verdade é esta: quando não nos impõem um limite de caracteres, a maior parte de nós tende a escrever sem freios, o que pode resultar em enormes lençóis de texto onde o tema é espremido até à exaustão, sem necessidade.
Também sou desses jornalistas. Mas tenho consciência de que já fui mais.
Com o tempo, e se tivermos um bom editor (daqueles que não tem piedade em cortar...), começamos a perceber que menos também pode ser mais e que por vezes um artigo tem mais a ganhar com o corte do que sem ele: quando simplificadas algumas ideias ficam mais claras e para o leitor o texto torna-se mais atractivo. Cortar e simplificar já me resolveram muitos textos que, aqui ou ali, não soavam bem.
Para além de aprendermos a lidar com a edição, é importante aprendermos também a escrever com conta, peso e medida: tratar os temas de forma superficial não é opção, mas também não é porque temos uma entrevista de três horas que o leitor tem de levar com todos os pormenores da conversa, da mesma maneira que, depois da investigação feita, nem tudo cabe na estória que queremos contar. Seleccionar custa - escrever pouco é mais difícil que escrever muito, todos sabemos -, mas é fundamental.
Sobre isto, Robert Niles escreveu Keep it short, even when there's no copy desk to force you. Parece-me um excelente exercício.
A ditadura dos caracteres
Publicada por
Patrícia Raimundo
on domingo, 27 de fevereiro de 2011
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