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Jornalismo, freelancing, social media... e as estórias por detrás de tudo isto. Por Patrícia Raimundo

Caco Barcellos: "Como jornalista, eu tenho muito medo, sempre".

A revista Veja entrevistou um dos mais conceituados repórteres brasileiros. Caco Barcellos conta como o fascínio pelas estórias o levou a deixar as ciências exactas e a fazer jornalismo; recorda os tempos de freelancer em que tinha um part-time num bar para poder continuar a fazer reportagem e partilha os caminhos de uma carreira que o levaram à Rede Globo e que fizeram dele uma referência do jornalismo no Brasil. A não perder.

Parte I - "Não sei dizer porque virei jornalista"
Parte II - "Não tinha dinheiro para pagar o aluguel"
Parte III - "Como jornalista, eu tenho muito medo, sempre"
Parte IV - "Sofri muito no meu começo na TV"
Parte V - "O Profissão Repórter"

5 lições sobre blogs e jornalismo

O 10,000 Words de Mark S. Luckie faz 4 anos! Para comemorar a data, o jornalista partilha 5 lições básicas que o blog lhe tem ensinado no vídeo Five things I've learned in four years of blogging about journalism. Ver e ouvir é indispensável, mas ficam aqui os destaques:

  • a comunidade jornalística é pequena e tem cada vez mais meios para partilhar ideias e conhecimento - os blogs especializados são um deles.
  • cuidado com os erros ortográficos e as gralhas! Os posts devem ter o mesmo rigor de escrita que qualquer artigo que leve a nossa assinatura.
  • sempre quem leia o que escrevemos, mesmo que a caixa de comentários esteja vazia.
  • o jornalismo está a evoluir rapidamente - há cada vez mais meios e formas diferentes de contar estórias.
  • ainda há um longo caminho de experimentação a percorrer.

Aprender com os falhanços

A história de Deborah Bonello podia resumir-se numa só palavra: empreendedorismo.
A "versão alargada" conta, em pouco mais de três mil caracteres, como uma primeira tentativa falhada de se tornar correspondente freelancer no estrangeiro, só incentivou ainda mais esta jornalista a seguir em frente. Hoje é a responsável pelo mexicoreporter.com, aventura que conta já quase quatro anos de existência.

"Creating my own, online editorial brand was the best thing I ever did. The site has brought in uncountable commissions, got lots of great reviews and write-ups and of course, scored me a couple of full-time jobs. Yes, it is an unpaid labour of love, but it’s a space to innovate and experiment. The important thing is to exercise the same journalistic and editorial standards that you would if you were working for an established newspaper – the work will speak for itself."

Jornalismo e activismo

 Are journalism and activism compatible?, foi a questão que David Brewer lançou no Twitter a propósito de um artigo sobre a relação entre o jornalismo e os conflitos em África. As respostas e a opinião do autor resultaram numa reflexão pertinente e muito actual publicada no Media Helping Media.

Facebook para jornalistas

Muito interessante esta nova forma de se estar Facebook. Paul Bradshaw explica, passo a passo, como é que um jornalista pode criar uma página para divulgar o seu trabalho através de um prático RSS Feed.

Preparar terreno para o freelancing

Não raras vezes, o freelancing aparece na vida das pessoas como uma espécie de solução de recurso. O desemprego, que entra sem bater à porta, é talvez uma das principais razões pelas quais a maior parte das pessoas se atira - ou é atirada! - para o trabalho por conta própria.

Mas não tem que ser assim. Preparar terreno para o freelancing é possível, é mais tranquilo, seguro e pode prevenir alguns desgostos, como mostra o excelente artigo de Alexander Dawson no Freelance Switch Getting started: the first steps to freelance freedom.

Confesso que, antes de a vida me trocar as voltas, era mesmo este o meu plano para 2011: continuar a trabalhar em full-time e voltar activamente às colaborações. Mantinha um rendimento fixo, essencial à minha sobrevivência e à realização do trabalho, e poderia embarcar na aventura do freelancing com riscos minimizados. Isto até, idealmente, conseguir manter-me apenas como freelancer. Qualquer coisa como preparar a terra e investir nas sementes.

Por agora os tempos exigem outras manobras. Preparar, cultivar e colher pequenas porções de terreno ao mesmo tempo. Há que estar preparado também para os Planos B...

Ter um emprego antes de fazer freelancing

Não é condição essencial nem garantia de sucesso, mas parece-me que ter tido um emprego antes de se fazer freelancing pode ajudar bastante ao bom funcionamento da engrenagem:

  • passar por uma redacção como jornalista da casa é uma verdadeira lição, essencial a qualquer jornalista em início de carreira;
  • ter um trabalho fixo permite ganhar prática e ter trabalho feito para mostrar;
  • o contacto com os editores torna-se, de longe, mais fácil quando já há um "histórico" de trabalhos prévios;
  • cultiva-se uma boa carteira de contactos, uma das ferramentas mais importantes para um freelancer;
  • criam-se possibilidades de colaboração futura entre antigos empregados e empregadores.
Sobre esta questão, Amanda Hackwith escreve um interessante artigo onde compara os percursos profissionais dos freelancers que começaram por ser empregados e dos que sempre trabalharam neste regime: Open Thread: Should you work for an employer prior to freelancing?.

Formar freelancers é preciso!

Numa altura em que os contornos do emprego e as necessidades do mercado de trabalho estão a mudar, as universidades e escolas de jornalismo deviam acompanhar a tendência e ajudar a formar freelancers, como defende Robert Steiner numa recente entrevista divulgada pelo Ponto Media.

Assino por baixo quantas vezes forem precisas! Cada vez mais sinto a necessidade de voltar a ter formação e, sobretudo de partilhar histórias, conhecimento e conselhos práticos com quem também está nestas andanças, tantas vezes solitárias.

Obrigada pela dica, António Granado.

Sobreviver ao desemprego

Depois de três meses de procura intensiva, Alice Vincent conseguiu trabalho na versão online da Wired. Em Looking back: how to survive unemployment, a Maverick do Wannabe Hacks concentra as principais lições que aprendeu durante o tempo em que esteve desempregada. Eu, que também já tenho algum conhecimento de causa neste departamento, subscrevo tudo. Mas não posso deixar de acrescentar um conselho: para mim, a melhor maneira de sobreviver à falta de emprego é criá-lo. O freelancing pode não ser o emprego ideal ou o objectivo de todos os jornalistas desempregados que enchem o mercado, mas é, sem qualquer sombra de dúvida, uma das melhores formas de não estar parado, de continuar a fazer currículo, de mostrar trabalho, de aprender mais, de conhecer pessoas, de experimentar coisas novas, de criar oportunidades. Nem que seja nos entretantos.

Pontos fortes e fracos

Qualquer jornalista sabe aquilo em que é particularmente bom. Todos nós acabamos, quase naturalmente, por encontrar uma especialização numa temática ou área, porque é isso que mais nos interessa e entusiasma. E uma boa dose de entusiasmo pode fazer toda a diferença num trabalho.

Depois há aquelas estórias para as quais temos menos talento. Exigem mais esforço, não fluem da mesma maneira, mas nada que um bom profissional não consiga superar. A peça pode não ficar brilhante, mas é competente e bem feita quanto baste.

Até aqui, nada de complicado. O problema surge quando temos de trabalhar uma área em que estamos muito pouco à vontade, que não nos desperta muito interesse ou para o qual não sentimos qualquer "vocação". Foi o que aconteceu a Mathew Caines, o Freelancer do Wannabe Hacks, quando se viu a braços com a tarefa de escrever uma notícia da área da justiça: percebeu que, de facto, não tinha nascido para aquilo. Não conseguia gostar dos assuntos relacionados com questões legais, não era capaz de absorver os termos técnicos nem de encontrar o ângulo certo para a estória, tarefa que costuma fazer com facilidade noutros temas.

Caines admitiu que não se sentia à vontade naquela secção e decidiu não perder mais o tempo dele e do empregador num trabalho em que sabia que era mau. O freelancer diz que aprendeu uma importante "lição esquecida" e confessa que se fosse hoje pensaria duas vezes antes de aceitar o trabalho.

Termos consciência dos nossos pontos fracos é um passo tão importante quanto percebermos e explorarmos os nossos pontos fortes. Faz tudo parte de uma aprendizagem, de uma construção profissional, que se quer sólida e constante.

10 ferramentas para ciberjornalistas

A Internet oferece cada vez mais e melhores formas de contar estórias. John Einar Sandvand apresenta 10 ferramentas essenciais para ciberjornalistas, das quais destaco o Dipity.com - para criar timelines -, e o Polldaddy.com - para sondagens simples. Já não há desculpas para sites estáticos e pouco interactivos.

Um jornalista deve ser polivalente ou um especialista?

O assunto está na ordem do dia e tanto preocupa recém-licenciados em jornalismo como jornalistas que já estão no mercado de trabalho: para ser bem sucedido, um jornalista deve ser o mais polivalente possível ou, pelo contrário, deve tornar-se um especialista em determinada área ou assunto?

Emanuelle Esposti, convidada do Wannabe Hacks, dá a melhor resposta a esta questão que alguma vez li: Jack-of-all-trades or specialist? You must be both.

Colunching: juntar freelancers ao almoço

Chama-se colunching e é um novo conceito que pode ajudar muitos freelancers a quebrar a monotonia que trabalhar em casa pode trazer. A ideia é juntar à hora de almoço vários trabalhadores independentes e promover o convívio, por um lado, e, por outro, novas oportunidades de trabalho e de parceria.

O jornalismo daqui a 25 anos

As previsões são de Paul Bradshaw e, como não poderia deixar de ser, dão origem a mais um interessante artigo. Destaco três tendências que já começo a sentir na pele:

  • A profissão de jornalista vai ser cada vez mais parecida com a de músico: o conceito de "emprego para a vida" já não encaixa nas novas realidades e, tal como na música, para muitos pode ser difícil viver-se apenas do jornalismo tradicional;
  • O jornalismo vai ser cada vez mais especializado... e previsível.
  • A morte anunciada dos jornais vai continuar em cima da mesa...

A tal da objectividade...

Paul Bradshaw faz uma pergunta mais que pertinente no Wannabe Hacks: Objectivity has changed - why hasn't journalism?. Enquanto lia o artigo - uma interessante revisão da história da objectividade jornalística -, vieram-me à memória as aulas de Teoria da Notícia. Já nessa altura, o professor Nelson Traquina dizia, com uma sabedoria muito própria, que a objectividade é um colar de alhos que o jornalista coloca para se proteger de acusações. Nunca me vou esquecer disto: a objectividade é como um colar de alhos. Quanto mais não seja porque, sempre que precisar, tenho estas notas para consulta rápida: