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Jornalismo, freelancing, social media... e as estórias por detrás de tudo isto. Por Patrícia Raimundo

Idade: defeitos e virtudes

Durante a última entrevista de emprego a que fui, fizeram-me a terrível pergunta: Quais são os seus três piores defeitos? Já havia respondido à questão do outro lado do espelho - quais as minhas três maiores virtudes - com a dificuldade própria de quem está, pela primeira vez, a ser entrevistado por uma empresa de recursos humanos e não pelo empregador. Não é nada comum estas empresas serem contratadas para entrevistar candidatos a um cargo de jornalista e, acreditem, não é confortável para nenhuma das partes.

Saí sem apontar três defeitos, cortesia do técnico que me entrevistou, mas assim que entrei no elevador senti vontade de voltar atrás para pôr uma coisinha na(s) lista(s) maldita(s): a idade.

O anúncio a que respondi era claro: jornalista com alguma experiência, entre os 25 e os 35 anos, para projecto new media. Logo, poderia ter apontado a minha idade como virtude - por certo uma empresa voltada para as novas formas de fazer informação estaria interessada na frescura de um jovem jornalista.
Mas a idade - o excesso, mas também a falta dela - pode encaixar perfeitamente na lista dos defeitos que deixei incompleta. É que, apesar de achar que os media estão cada vez mais interessados no sangue novo e nos jovens jornalistas com skills mais adequados aos tempos que vivemos, continuo a sentir que há uma certa dificuldade em levar a sério um jornalista abaixo dos trinta. Propõem-nos intermináveis estágios não remunerados; torcem o nariz quando não aceitamos as precárias condições que oferecem e, quando aceitam pagar, os valores são ridiculamente baixos, mesmo para um júnior.
Se estivermos a falar de um jovem jornalista freelancer, as coisas ainda podem piorar: quem está a começar tem de trabalhar o dobro para fazer prova das suas capacidades.

A verdade é que poucos apostam - apostar mesmo, com todas as contrapartidas e riscos que qualquer aposta implica- num novo valor.

Ainda assim, quero acreditar que 2011 pode mesmo ser o ano para os jovens jornalistas, como argumenta Joseph Stashko no interessante artigo Why 2011 "should" be a great year for young journalists.

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