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Jornalismo, freelancing, social media... e as estórias por detrás de tudo isto. Por Patrícia Raimundo

Com que então queres ser jornalista...

Deve haver poucas profissões que tenham sido tão romantizadas ao longo dos tempos como a de jornalista. A maioria dos aspirantes a jornalistas entram nas escolas de Jornalismo com a melhor das expectativas: trabalhar em televisão, escrever para o diário de referência, ter grandes aventuras, entrevistar pessoas que interessam, cobrir casos bicudos e arriscar a pele para reportá-los. Alguns começam a aperceber-se de que as coisas não são bem como nos filmes e nos livros ainda durante o curso. Mas o verdadeiro choque chega com o fim da licenciatura e esse momento marcante que é a entrada no mercado de trabalho.

Conseguir ser pago pelo trabalho que se faz é o primeiro dos desafios. Em muitos casos os estágios não remunerados prolongam-se absurdamente por meses e anos. Os novos jornalistas constituem mão de obra barata e todo o tipo de carne para canhão para as empresas de media. E mesmo aqueles que conseguem um lugar nas redacções - ou o seu espaço no mercado como freelancers - não têm a vida facilitada: os recibos verdes são quem mais ordena, os ordenados estão muito abaixo da média dos recém-licenciados de outras áreas, a tal ponto que se torna uma verdadeira proeza conseguir viver-se apenas como jornalista.

Para mim, faz parte da vocação para jornalista ter esta espécie de espírito de sacrifício. Sem ele - e sem que se esteja preparado para o que é, de facto ser-se jornalista - , a experiência de entrar no mundo do jornalismo pode ser uma dura desilusão.

O jornalismo continua a ser uma profissão apaixonante, capaz de envolver e entusiasmar quem a pratica? Continua, claro. Mas em vez de pintá-la de cor-de-rosa, todos ficaríamos a ganhar com cores mais realistas, como estas.

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